Por um mundo com mais "Malalas" #Mulheres2014

Malala Yousafzai


Por Liesel Hoffmann


Já havia ouvido falar na paquistanesa adolescente que vinha revolucionando seu país antes dos acontecimentos de 2012, em que Malala Yousafzai foi atingida por tiros disparados por fundamentalistas islâmicos. Mas até então nunca havia dado muita atenção ao que ela tinha para falar, por pensar que era uma realidade tão distante da minha que suas palavras não iriam me impactar em nada. Foi com esse pensamento que resisti a comprar o livro publicado por ela após se recuperar quase milagrosamente. Só o fiz por causa da insistência de amigos que o leram e comentavam tanto que me vi sem assunto em alguns momentos. 

Ainda bem que comprei o livro. O li em menos de uma semana, e a vida dessa garota ainda está me impactando. 

Malala, desde o início, lutou contra um regime forte e poderoso no mundo árabe. Ainda pré-adolescente se viu obrigada a assumir uma briga por uma causa linda: estudar. Tudo o que a pequena moradora do Vale Swat queria era o direito de ir à escola com seu uniforme seus livros e lá absorver um pouco da cultura. Bem diferente do que pensavam os fundamentalistas, que viam nessa atitude uma rebeldia contra a religião islâmica e uma certa "aproximação com o Ocidente". Malala, que viu seu direito ameaçado, se sentiu obrigada a assumir a luta pelo direito à liberdade de expressão, luta essa defendida também pelo seu pai, dono de uma pequena escola na região. 

As coisas só complicaram com a chegada do Taleban na região, que obrigou as meninas a abandonarem a escola sob ameaças de morte, além de destruírem diversos estabelecimentos. Milhares morreram em confrontos e outros vários foram obrigados a saírem de suas casas, entre eles a família de Malala. Mas essa garota não desistiu de sua luta e, ao voltar para casa, tratou logo de organizar de novo seus livros e procurar sua escola, para que pudesse retomar seus estudos. 

Por conta da tentativa de assassinato por parte do Taleban, Malala mora hoje em Londres com a família, mas continua em sua luta para que outras meninas tenham o direito a educação. 

Malala é um exemplo de força e apego a uma causa nobre. Vivemos num mundo tão relativo, onde as pessoas não defendem mais nada, não lutam por mais nada, e encontrar alguém como a Malala é confortante. Nos faz pensar que nem tudo está perdido. 

Tomara que hajam outras Malalas no mundo, só assim podemos ter um pouco mais de esperança no futuro. 



Liesel Hoffmann é alemã e mora em Berlin. Chefe de redação de jornalismo esportivo da Deutsche Welle, principal rede de notícias da Alemanha e uma das principais do mundo, Liesel admite que quando aceitou a vaga não gostava de esportes. Mal sabia o elenco do Borussia, time do coração, mas vem se destacando há um ano na função. Tem planos de estar no Brasil para a Copa do Mundo. 

Liesel já escreveu em várias outras oportunidades no Blog Novas Ideias. 

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